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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

subversão do sonho

tão calmo como um lago
beirando ao marasmo
sendo teu porto de forma ingênua
onde deságua toda tua sina
teus problemas
passa incólume pela tua tempestade.
sempre sereno e de peito aberto
pronto pra te estender a mão
te tirar da chuva
te catar como pai
como menina da rua
sem te pedir satisfação, sem uma palavra
sem acusações, sem dizer nada
apenas te encosta no peito
e te faz sentir tão pequena
e amada.
por vezes dono de uma essência
misteriosa
o tipo ideal que troca a lâmpada
te traz flores no final do dia
abre a porta, faz a janta
fazendo cada momento
realmente valer a pena.
sendo ele mesmo, assim, indecifrável
habitando o meu sonho mais secreto
sendo o meu maior desejo
ele é o avesso da tua realidade
a calma que eu nunca encontrei
em ninguém.
gesto simples de ser ele mesmo
sendo ele mesmo, o par perfeito
ele não existe, não o conheço
e habita por completo
a subversão do meu sonho.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

brand new

c'mon boy, she's talkin' to you
she's so new generation
c'mon and play your guitar
with your fuckin' fingers
takin' another piece
of my heart.
he's got a nice hair
and just wanna have some fun
with that girl, tonight
and i'm wonderin' why
you're so hot.
c'mon and touch her body
she's so new generation
making things you never thought
she's so new generation
with her fuckin' hair.

c'mon boy, well
she's hot as hell
and you just wanna have some fun
tonight.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

futuro

que paz me aguarda no teu abraço
quantos sorrisos ainda vamos partilhar
quantas vezes vou te encontrar
e me sentir em paz
redescobrir o sentido desse sentimento.
quantas tempestades e quanto tempo perdido
quanta falta de senso e noção pro perigo
quanta coisa desperdicei, quantos momentos
em que eu deveria estar contigo
e não estive.
que palavras tuas ainda haverão
pra me completar os dias, me acompanhar
em cada gesto, cada movimento que eu faça
quanto sentimento bom e quanta vontade.
que fatos da tua vida não acompanhei
e quantas vezes não te dei a mão
quando tu mais precisou.
quantos sorrisos teus eu perdi
quantas vezes eu fui embora
e agora estou aqui.
que verdade tu ainda vai encontrar nos meus olhos
e que amor existe em mim, aceso
e quantas vezes te quero assim, preso
por livre e espontânea vontade.
há um tempo que nos aguarda, um novo dia
em que vamos rir de tudo isso
e eu quero a tua companhia
reencontrar o novo sentido
do nosso riso.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

lúdico

não diga nada, não pergunte de onde eu vim, com quem estive
apenas continue, me abrace assim, nesse gesto de entrega.
venha e sinta o cheiro da minha pele, todos os meus segredos
decifre os códigos de cada suspiro, o meu silêncio
apareça e me compreenda a alma, me sinta respirar
venha e complete cada pedaço dessa visão lúdica do passado.
volte pra casa e aja normalmente, com teu andar doce
traga junto tuas idéias contraditórias, tua indiferença
não diga mais que nós estamos diferentes.
não diga mais que não cabe mais tua cabeça contra o meu peito
não insista que nós não temos mais defeitos, desencontros
não diga que meu sonho acabou.
entre pela porta, conte do teu dia, tua monotonia, tua rotina
todas as coisas que te compõem, quero entrar no teu jogo
quero saber de todos os códigos, procedimentos, vírgulas, parênteses, pontos, acentos
quero saber de tudo.
quero saber qual a dificuldade, o que impede e por que ficamos mudos
quando simplesmente nos olhamos, parados e estáticos, seguindo nossa trilha de erros e pecados, deixando tudo pra depois
sorrindo, dissimulando, sendo partes de um trato
que nós não fizemos entre nós dois.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

relicário

estranha maneira de ele respirar perto de mim
e encher meu mundo de uma paz colorida
aparentemente sem fim.
indecifrável forma de ele me tocar, tão leve
me fazendo nutrir sentimentos que me elevam
qualquer pedacinho teu se transforma em meu
completando certeiramente
tudo que me falta, o que me fica escasso.
gesto tão particular de me prender nos braços
transformando meu mundo num embaraço
um jeito só dele de me abraçar, quando me sinto só.
dividindo um sentimento passageiro, porém, real
misto de desejos lúdicos e paixão carnal.
estranha forma de ele me beijar, tão dele
escorregando pelo lençol.

teorema

loucura é relativo, depende do sentido
razões e contradições
em tudo aquilo que você crê.
não deixar-se levar
nas cabíveis condições
rever algumas atitudes
enfim, rever.
e se a loucura te fala
ao pé do ouvido
quase um grunhido
que te completa o coração.
e se ela vem e vai
anda aliada ao teu amor
tua noção de sim e não
você então pode dizer
que vive em contradição.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

dupla

não se precisa dizer muito, não é palpável
na paz entre cada risada, compartilhando
todos os nossos sentimentos instáveis.
duas almas complexas
num mesmo sentido, desconexo
esse é o caminho que estamos trilhando.
nada substitui a paz, disfarçada
que eu sinto ao teu lado
paz feita de alegria e cumplicidade
paz que nos enfeita de felicidade
paz que levamos conosco
quando nos despedimos.

sábado, 16 de outubro de 2010

minuto

veja isso, um paradoxo perfeito
enfeitando o nosso rosto
com a sombra do desfeito.
toque aquilo, evaporando
como a água dessas folhas secas
como tudo que estou pensando.
sinta-o, ao toque das mãos
singelo momento, sem valor
onde se descobre, diferente.
olhe no espelho, reaja
não deixe isso queimar
não aceite resumir-se a nada.
leia, acredite em uma teoria
demonstre sua ignorância
no momento mais inoportuno
sem se preocupar com o futuro
assista isso queimar.
olhe pra si, um minuto
reescreva a história errada
essa parede tá desmoronando
na frente da tua casa.
saia pela porta, como passageiro
acenda o cigarro, pegue o isqueiro
e apenas assista isso
queimar, queimar, queimar.
partículas que ficam suspensas
no momento em que você vira o rosto
partículas do teu sorriso
no ar.

sábado, 9 de outubro de 2010

quite

quero a paz das manhãs de domingo
você, o motivo do meu riso
misto de todos meus desejos
enquanto aguardo o ensejo
de te ver sorrir mais uma vez.
tão completo e ao mesmo tempo
o motivo do caos aparente
na minha cabeça.
tão ele mesmo, tão complexo
dono de uma falsa inocência
querendo qualquer coisa
que apareça
ele segue o seu destino
que é me encontrar
em cada desatino
nessa falta de coerência.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

rock

as luzes eram tipo neon
piscando como flash na tua camisa colorida
tão brega quanto teu sotaque britânico
tocando ao fundo
enquanto passo meu batom.
tua bandinha é a mais clichê
que eu já encontrei
a tua rima fala de mulher
de quem te virou do avesso
só mais um tropeço
e já tá amanhecendo no nosso divã.
você é como todos os outros
que eu provei
uma mulher por noite, um caso
trocando nomes, no acaso
o mérito é todo meu.
escuto essa tua baladinha, teu ritmo
coreografias clássicas de all star.
caramba, cara
beijei um rock star.

domingo, 3 de outubro de 2010

atenção

quero um homem bem vestido
que me sirva de abrigo
no acaso de um temporal.
quero o peito, o ombro amigo
uma carta, pedaço antigo
relatando teu potencial.
quero a sintonia da tua onda
o deslizar da minha mão
entre os teus cabelos.
quero teu apelo
meu desígnio
nosso desespero.
quero a fantasia, todas as cores
te provar com todos os sabores
descobrir por debaixo desse terno.
quero te desenhar todo
teu entorno
em todo esse meu anelo.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

bicho

vontade de te colocar debaixo da asa
como se indefeso, de tudo, fosse
como se teu passo pudesse
ser limitado à extensão do meu passo
andar no jogo do meu compasso
dividir o calor do meu ninho contigo.
vontade que me consome de te resguardar
de ti mesmo e da tua auto-destruição
tua tendência à ruína, à fraqueza
a inércia de tuas atitudes calculadas
sobre mim.
vontade de que fosse tudo que idealizo
em segredo
que correspondesse aos meus anseios
e caprichos.
vontade de que fosse meu, só meu
meu bicho.

porta

entrei e fechei a porta, desconcertada
carente de mim e de tudo que já fui
quem seria esse reflexo no espelho?
não se parece nada comigo.
traço planos que não são meus
e se não derem certo, fecho a porta
desenhando essa linha constante e torta
por onde sempre te encontro
sem querer.
bato a porta do carro
talvez um último adeus a nós
um beijo de despedida sem mim
e sem a minha pretensão de insistir.
então, não te enxergo mais
por de trás daquela porta
vejo que fechei a porta
pro nosso amor.

te odeio

te odeio por não conseguir te odiar.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

alguma coisa me diz que essas coisas que ele faz pra impressionar
não passam de pura carência e imaturidade;
quero provar um gole desse teu copo de meias verdades.
"esse teu véu de ternura me cobre
quando penso em tudo que seríamos
se não fossemos nós mesmos.
uma ideologia, alguns papéis amassados
a recordação do teu riso, nosso gesto
contando as estrelas nessa madrugada..."

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

monótono

quero que me consuma com todas essas coisas que eu penso
e leve consigo esse cheiro que ficou no travesseiro
o cheiro dessa lembrança, o cheiro do teu toque
da tua presença, do fato, do que aconteceu
do meu tato, tua nuca, teu cabelo, cada pedaço teu.
quero que chegue e duvide de mim, me imponha coisas
me faça pentear o cabelo com frequência, me cobre mais coerência
vista a fantasia de homem da casa, me apresente à tua rotina
fragmentos de qualquer coisa que te componha
pedaços da tua sina.
quero que surja insuspeito, como um flash, desconcertando o meu marasmo
levando embora esse meu maço de cigarros
me desfazendo de todos os meus vícios tolos, manias de mim
juntando as peças desse quebra-cabeça
escolhas que me fazem assim.
quero que chegue como uma brisa, leve, suave, consciente de si
e desfaça todos meus atos retilíneos
e na hora mais inesperada, se torne a tempestade
que assombra a minha monotonia.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

conclusão

cheguei e me senti sozinha, perdida
enquanto ouvia todos os segredos
ditos pela tua boca em silêncio.
revivi cada toque, cada presença
me sentindo quem nunca fui
passageira de mim mesma
sem concordar com a minha indiferença.
não reconheço mais tudo que cri
apenas me limito
a deixar isso pra trás.
cheguei e ouvi tuas confissões
ao pé do ouvido
cada arranhão na tua pele, cada cheiro
impregnado na tua alma.
somos apenas o que gostaríamos de ser
a lembrança de um passado, tão fracos
apenas uma cicatriz em nossas vidas
que ainda não conseguimos esquecer.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

ambíguo

éramos assim, um estilhaço
de tudo que fomos, latente passado
a lembrança do teu peito contra o meu
qualquer loucura, nossas risadas
tantos planos e contradições
agora resumidos a nada.
onde será que nós erramos
onde ficaram aquelas imagens
a tua voz, todo teu jeito
ecoando por esses corredores vazios
no fundo da minha memória.
não se sabe de mim, ando contraditória
querendo um pouco de ti
em tudo que eu faço
querendo um pouco de ti
em cada pedaço
cada cédula, que ainda não sabemos ler
por onde, errando
vamos rabiscando a nossa história.

contínuo

me percorre o corpo nessa tua dúvida de mim
vem e simplesmente te aproxima, me beija
encosta tua língua na minha boca, cede por um minuto
te libera desse teu pensamento.
entra por essa porta já tirando a camisa
me alisa e me aprende entre teus braços
me toma no acaso e não me deixa pensar muito.
vem que eu também to ardendo, to te querendo
liberar todo esse tesão, meu conto proibido
a minha fantasia de te lamber, te virar do avesso
nessa nossa folia a dois, coisa de momento.
inicia essa dança logo, suave. coloca a mão por debaixo da mesa
eu também quero esse teu pedaço sujo que é só meu, só meu pecado
nesse modo-contínuo, um texto confuso
misto de tesão, tua vontade
e o meu desejo confessado.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

plano

quero levantar e me cercar de todos meus textos
aspirar um novo mundo, daqui pra frente, só meu
erguer essa muralha, desenhar meus passos infalsos
recomeçar a partir do nosso adeus.
levo todos os cheiros, pedaços de ti, tua compaixão
no fundo da retina uma imagem distorcida
do que nunca foi real, do que nunca aconteceu.
ando suspeita de mim, uma palavra que me entrega
uma forma de olhar e ceder a tudo, um paralelo
quero uma base, entender o sentido disso tudo
tenho uma confusão que me habita, uma meta
quero erguer essa muralha
juntando pedaços de tudo que me cerca.

domingo, 15 de agosto de 2010

passagem

tem tua camisa lá no fundo do quarto, tuas manias
você sabe que ficou teu jeito impregnado
e um pouco da tua rotina.
tua maneira de sentar ao violão, os teus dedos
tua voz atrás da porta e o teu medo
o barulho de cada passo no corredor.
ficou naquele travesseiro o cheiro do teu sono
um pacto quebrado no fundo do teu olho
coisas que a gente não sabe nem como
apagar e deixar pra trás.
na minha roupa veio um pouco da tua paz
teu jeito de não saber dizer adeus
talvez um novo sentido ou uma despedida
a algo que eu sempre senti, sempre fui
uma janela aberta pra um novo eu.

sábado, 3 de julho de 2010

inquieta

tem dias que me acordo tão dona da minha história, inquieta
uma vontade de dizer ao mundo a que eu vim
a quantas anda essa loucura, sociedade maluca, opiniões
críticas, imagens distorcidas nesse espelho
coisas que não fazem sentido algum pro coração.
o coração não pensa, sente, grita, voa, age sem saber
e às vezes dá vontade de ficar descalça, dane-se, soltar o cabelo
me despir de tudo, me expor, falar, que mundo é esse, cara?
me acordo inquieta, vou recolhendo minhas idéias pela casa
meus rabiscos, olho pela janela
todos passam, apenas passam
e ninguém se preocupa com a minha história.

paradoxo

quero ser teu passado, de uma forma serena
tua parte mais bonita, mais plena
tua certeza
o que você tem de mais bonito e não sabe.
sou assim, um misto de tudo, de ti
uma voz de todo mundo e um pedaço de mim
levo algumas lembranças
e tudo que eu escolhi.
debaixo da pele eu levo uma vontade
de te marcar, te aninhar no meu peito
te mostrar meu lado mais bonito
meu jeito
e você sabe que nem sempre
posso ser eu mesma.
tem um pouco de ti em cada suspiro
cada palavra que sai da minha boca
tudo que eu olho, tudo que eu sinto
talvez mais um drama na minha cama
um carma
algo que não tem mais fim.
uma esperança, o motivo do meu riso
é isso que você é pra mim.

sábado, 26 de junho de 2010

flash

me disponho a um pacto, eu corto
essa linha imaginária, o fato
só pra sentir de novo, eu quero mais.
quero ir ao fundo do poço, te perturbar
acabar com esse teu marasmo
mania de não se entregar
esse desejo é traiçoeiro e doce
talvez um pecado, mais uma dose
pra você se deixar levar.
posso sentir tua respiração
selvagem, mais intensa
a cada movimento
teu cheiro, um arrepio
uma vontade de beijar, alucinadamente
meu bem
eu já imagino o que você tem em mente.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

dualidade

me deparo com algo que não satisfaz, tua alma
tuas cores, tua dor e tua calma
algo que não condiz com o nosso pacto
sempre vivemos nessa realidade
que não existe.
ao mesmo tempo quero fazer parte de ti
como um todo
te compreender e te decifrar a alma
em partes
quero que tua voz seja a minha voz
mas também não
quero um pouco dos teus casos, teu desapego
teus erros e acasos
e um misto da tua confusão.
ando à beira da tua dúvida, tua inconstância
quero decifrar esse sentimento, o caos
que fica na minha cabeça toda vez
que você vai embora.
observo um pouco mais de ti, teu jeito de criança
tua dualidade, teu pacto
a dúvida que tens, contigo mesmo
tua indignação e teu marasmo.
somos duas almas adversas
presas no mesmo laço:
talvez seja esse o nosso caso.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

lírico

ela te tocou de uma forma diferente essa noite
como se algo realmente tivesse mudado
e na boca um gosto de adeus, ela se despediu
do teu sexo e do teu pecado.
esse é o abraço que você sabe que não te pertence mais
naquele corpo não habita mais tua paixão, teu gosto
tudo que você enxerga agora é o teu rosto
por de trás do espelho do amor, despedaçado.
ela se despiu de ti e partiu, deixou um gosto de saudade na tua boca
virou a mesa e se afastou pra sempre da tua cama.
não há mais teu cheiro naqueles lençóis
nem a tua boca nos sonhos devassos dela
nenhum pedaço de ti ficou, e você sabe
que perdeu a paz.
ela chegou, já era madrugada, calada
e deu adeus aos teus anseios e desejos
a vontade dela de ti, ficou cravada
em mais um daqueles pesadelos.
você sabe que ela não vai mais voltar
esse é o sabor da despedida
agora ela te olha passar, alheia a tudo
como se fosse apenas mais um em sua vida.

sábado, 8 de maio de 2010

ensaio

te vejo me encarando, tentador. me faz um convite porque eu já imagino o que você quer.
a minha vontade é quase tão suja quanto a tua, meu lado mais correto, sereno
medo de começar essa história e não conseguir mais parar.
te falo qualquer besteira, uma desculpa, um beijo, pra te desconsertar
quero teu desespero, tua confusão, teu defeito e esse teu lado perfeito
quero você e tudo que só você pode me dar.
me passam mil coisas pela cabeça, segredos nas pontas dos teus dedos
tudo que eu já descobri, reli, pesquisei; já desisti de não me entregar.
não sei como fazer esse convite, é um embaraço, um passo à frente
quero uma explicação de toda essa loucura envolvente
quero saber o que você tem e o que tá fazendo comigo
me vejo entrando nesse jogo, um ensaio pra loucura
buscando respostas no meu pior inimigo.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

escarlate

nós nos encontramos ontem e extravasamos
essa vergonha de ser nós mesmos, o pecado
de sentir desejo.
é tão perigoso te tocar
e o teu cheiro me aguça os sentidos
essa minha vontade te deixa
com uma visão deturpada
de mim.
nossa trilha sonora é absurda, um sabor
quente como o vinho nos teus lábios
provando de todo o ardor desse amor
que não existe.
fico imaginando cenas malucas
teu cheiro na minha roupa
tua mão na minha nuca.
é uma loucura que me consome
me tira toda e qualquer noção do perigo
um desejo: liberar a libido
talvez mais um dos pecados do homem.

domingo, 18 de abril de 2010

fetiche II

você é intenso, o meu pior veneno
sento e apenas te observo gesticular
no espelho
esse é meu fetiche, meu interesse
você vem e faz meu mundo girar
me prende
nessa malha de tentação.
quero a tua boca, teu gosto
teu cheiro, tua mão no meu rosto
eu quero mais, quero de novo
cometer o crime que não cometi
teu beijo sórdido, teu desejo
um pouco do teu amor e do teu medo
tua confusão, teu carma na minha cama
teu lado mais sujo, o pior de ti
que eu ainda não conheci.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

anagrama

não sei até onde ele iria, o que faria
qual o tamanho da moral dele, quais princípios
não imagino o que ele faria pra agradar
o que ele aguentaria sem fugir, apelar
talvez ele seja apenas uma criança
com medo de se entregar.
essa é a minha nova obsessão, meu pacto
um acerto final comigo mesma, meu jogo
e quem dá as cartas sou eu.
quero dar um novo sentido a tua notória
falta de compaixão
ao teu cheiro na minha roupa e o teu não
é o meu desejo cretino, da tua boca
quase um pecado que eu cometi, um crime
à minha imagem de mulher, filha
mas talvez eu quisesse apenas me entregar
entrar no clima.
às vezes deixo escapar a minha subversão
um pouco da minha alma felina
coisas que você nem imagina, e eu sou capaz.
quero uma fonte de prazer interminável
fazer parte da tua rotina
te colocar nesse mundo de rendição
esse é meu jogo, meu lance mais alto
a tua vontade é a minha perdição.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

25

enquanto conversamos ele passa a mão na minha coxa por debaixo da mesa
delicadamente sobe pela minha saia - meu deus, ele é incrível.
me alcança o copo e sussurra no meu ouvido: - meu bem, quer subir?
é um convite que eu não posso recusar.
me pega pela mão, paramos na portaria, típico hotel de luxo
eu já imagino o que ele está buscando, só pelo jeito perigoso
de apagar o cigarro.
estamos indo ao quarto vinte e cinco.

terça-feira, 6 de abril de 2010

virgo

esse é meu homem, talvez um cético
um pouco mais sério em suas confusões
ele, com certeza, tem algum mistério
e mexe comigo.
sempre ficam algumas coisas pelo ar
quando ele passa e me olha, sorri
ele é fatal, lindo, esse é meu homem.
quero decifrá-lo, eu não me contento
em saber o que todos já sabem
quero abrir essa porta, ver lá dentro
coisas que ninguém imagina que você sente.
somos um pouco parecidos, inconsequentes
e talvez eu esteja me apaixonando assim
e sei que ele me analisa, é o signo
eu já pesquisei todas as casas, desígnios
esse é o signo da inquietação.
acho que a gente combina, no fim de tudo isso
ele me passa uma certeza, um misto
eu não to sozinha nessa.

sábado, 3 de abril de 2010

vôo

meu bem, você tem que saber
o que tá fazendo comigo.
eu to sempre nesse perigo
de me entregar e sucumbir
à tua boca, me deixar levar
pela tua mão, simplesmente ir.
você vem e me colide, domina
enche meu mundo de adrenalina
e mal me tira pra dançar.
gosto quando você vem
e desabotoa a camisa
me faz pensar
que eu amo tudo que você faz.
a gente ri de mim, ri de você
se perde por aí, sem querer
eu fico nesse êxtase a noite toda
e isso alucina, enlouquece
me perco nas palavras, isso desatina
quero sucumbir à tua boca, te beijar
essa é a minha fantasia.

terça-feira, 30 de março de 2010

combinação

essa é uma combinação explosiva, de astros
ele é um desconhecido por mim, alguns pecados
e faz meu tipo mas não, apenas vem e me confunde
me fala frases lisérgicas e desaparece
talvez ele seja inconsequente.
a presença dele é um fato, quase um abalo
às minhas opiniões, àquilo que eu escolhi
todo meu aprendizado e tudo que cri
minhas manias, meu jeito de agir errado
insistir nos mesmos erros; talvez eu mudasse.
quando ele vem e me beija, sorri pra mim
eu absorvo tudo, ao toque das minhas mãos
esse é o sentido de tudo isso.

sábado, 20 de março de 2010

20

nós nos beijamos ontem, um ponto de escape
ambos perdidos mas ninguém deve nada
pra ninguém.
chega a ser um pecado resistir a ti e a tudo
que te cerca e me impressiona, me seduz.
somos duas almas atormentadas, a mesma casa
carregamos a mesma sina, belos corpos
talvez um medo de não agradar
nesse perigo de ser a gente mesmo.
talvez ele seja a minha alma masculina
igual a mim, a subversão do meu sonho
algo que eu não quero compartilhar
nem dizer.
talvez isso seja besteira e acabe na minha cama
por falta de opção ou por prazer.

sexta-feira, 19 de março de 2010

cicatriz

tenho sede de conhecimento, esse homem
que ele vá e me deixe uma cicatriz
um nome.
me marque e me abandone, como algo
que jamais vai cessar, acabar.
essa é uma verdade que queima
me deixa completamente nua, sozinha
perdida entre bordões e entrelinhas
procuro um lugar pra me aconchegar.
tenho sede de vingança, um punhal
cravado direto no peito, sem volta
sem retorno, sem um sinal
teu.
quero te tirar a respiração, o sorriso
te levar ao inferno que eu conheci
quando a tua boca
me disse adeus.

no regrets

mais uma nota dessa realidade absurda, cômica
um mal entendido e alguns planos despedaçados
virados do avesso, qual foi nosso pecado?
uma monotonia desconexa, tão complexa quanto
te julgar e não poder simplesmente esquecer.
mantenha distância, você sabe, esse é o jogo
que você relativamente não pode mais jogar
esse não é mais o seu ponto de vista
esse não é você, e tá tudo fora do lugar.
penso e cogito em me entregar, sem resistir
sem teatro, você sabe tão bem quanto eu
desesperadamente preciso deixar isso ir.
sem sorrir, sem chorar, simplesmente esquecer
essa é a nossa realidade absurda, um amor
estranho e de um sabor amargo, uma dor.

segunda-feira, 8 de março de 2010

auto-destruição

provo da mesma bebida que ele, compartilho o copo
um veneno letal e queima, celestial, sublime
e ninguém pode nada contra esse crime
um beijo fatal, um toque, um gole no meu corpo.
ele me paralisa, me anestesia, me tira o tato
e me olha, debocha, some, faz pouco
de todas essas loucuras no meu quarto.
compartilhamos a mesma dor, o mesmo laço
isso vai e vem, já perdi meu compasso
o resto da decência, o pingo de orgulho
são 6h da manhã e não podemos fazer barulho.
por que ele não vem logo e se entrega
a esse pecado de mentir, fingir, ser personagem
de toda essa história maluca, isso é tortura
um ato de rebeldia que consome, pura bobagem.
um ato de auto-agressão, mentira de ambos
talvez tenhamos cometido um crime passional
entrando nessa, sem querer jogar o jogo.
agora estamos aqui, paralisados, estáticos
nos observando, ninguém pisca nem cede
e eu escuto a nossa música no rádio.

sexta-feira, 5 de março de 2010

viagem

vou ao núcleo, a parte mais profunda do homem
seu lado corrupto, severo, até aí nenhuma novidade
a viagem da paixão e os medos nos trazem
a essa viagem.
sou adepta de tudo, credos, cores, etnias
gosto desse tom de vermelho, um colapso mental
sinfonias.
descobri as palavras não ditas pela tua boca
e de um certo modo, elas me levam a coisas
que eu realmente não quero saber.
descobri a parte de ti que não toca, não sente
o teu pior veneno, a tua mentira, tua crueldade
viajei no teu lirismo, teu cinismo, um pouco da tua falsidade.
tuas mãos falam por si só, compõe uma nota musical
desconhecida por mim até então
viajo nessa realidade absurda, uma nota de dor, um acorde
nunca tocado antes.
dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, todas as tonantes
um noção exacerbada do perigo, e por favor
o que você pensa? essa é a minha nota mental
a todo instante.

dança

"...esse é o compasso do inimigo
e você sabe que ele quer te machucar.
certas coisas eu não entendo:
somos jovens, plenos, temos belos corpos
mas nós não cedemos um ao outro
e nem vamos nos entregar."

quinta-feira, 4 de março de 2010

personalidade

no fundo eu gosto quando ele mexe no meu cabelo
e fala que meu sorriso é o mais bonito do mundo.
no fundo eu gosto mas me embaraço
perco o laço, fico sem reação
não sei o que fazer pra agradar, não sei
não sei se eu sorrio, se eu beijo ou corro
eu sei que ele é um mundo paralelo e completamente meu.
não sei se me apaixono, se me entrego, se olho no olho dele
eu só sei que ele tem muito a dizer.
ele é lindo, de qualquer maneira e enxerga aqui dentro
me encanta, me encabula, me deixa sem jeito e ri de mim.
ele chega de repente e arranca o mal pela raiz
diz que eu tô errada, me põe contra a parede
me pressiona, ele só quer me fazer sorrir.
ele é tão imperfeito, de todas as maneiras possíveis
textos, cartas, opiniões irredutíveis
ele vem e sorri, me abraça e me tira pra dançar
isso não é uma declaração, não
e você sabe que não, não
eu só vim aqui pra te contar.

segunda-feira, 1 de março de 2010

acaso

ele tinha um cheiro de pecado
e me estendeu a mão
era quase madrugada
e ele me encontrou avessa
perdida por aí.
fez o favor de me levar pra casa
e me convidar pra conversar, subir
cortar o mal pela raiz.
me serviu um copo de whisky
e tentou me persuadir:
talvez um novo encontro
um crime passional.
não sei se foi solidariedade
ele me deu um beijo
e pôs a mão no meu joelho
eu sei que isso foi real.

sátira

ele veio de repente e levantou a minha saia
ousou saber um pouco mais sobre mim
e quais são as minhas artimanhas
pra chamar a atenção.
me deu um beijo sórdido e delirante
e me fez parar pra pensar por um instante:
somos jovens, céticos e inconsequentes
as palavras dele são cheias de perigo
e excitantes
ele sempre me convence a tirar a blusa
me calar e participar da minha vida
coadjuvante.
ele é o personagem principal dessa história
meu homem, um sátiro descontrolado
e meu amante
sempre que eu olho no fundo do olho dele
eu sinto a todo instante
um arrepio, um elogio, delirante.

par

o destino é incerto e nós sabemos
estamos nos apaixonando perdidamente.
talvez seja uma aventura, coisa pouca
pra completar a bagagem imatura
e bem, é isso que nós somos.
derrubando essa melancolia
de vez
e sem monotonia
talvez você seja o motivo do meu riso
incontido e todas as bobagens que te falo
no ouvido, esse é o nosso caso displicente
e isso é só pra você saber
o que só acontece com a gente.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

.

ele foi e deixou um sorriso pra trás
algumas dúvidas e coisas
que passam pela minha cabeça
como num filme
sem roteiro e sem final.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

insensato

estranho modo de gesticular
com as mãos
e transformar meu mundo
numa simples extensão
de ti
a tua vontade
é o meu movimento.
insensata forma de querer
e não querer
sorrir e chorar
ser e não ser
e eu nunca paro pra pensar.
estranha forma de me fazer entender
e te explicar
que a tua vontade
é o meu movimento.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

física

ele, uma atração letal pelo perigo
quase uma sina
e alguns antecedentes criminais.
dou um passo e me ajusto
da forma mais confortável
a esse novo embaraço.
um novo sorriso, novas expressões
digitais, coisas, idéias
histórias e contradições.
sempre tem um cheiro novo
um outro toque, outra emoção
uma forma de continuar a vida.
me encaixo no passo dele
descubro um pouco mais dele
é isso que me atiça:
um novo sabor, tudo de novo
esse é meu ponto de vista.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

golpe

dessa vez foi certeiro, bem no coração
tomo mais um gole do vinho
traçando novas metas, notas mentais
desesperadas
inertes, enfraquecidas.
e pelo teu não:
sem perdão.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

dança

a cada tombo um novo sabor, um cheiro
e às vezes a gente nem tá disposto
a se entregar à essa viagem carnal.
ele me domina, estamos dançando
e eu sempre escolho a figura proibida
a mais difícil de conter
um sinônimo, qualquer coisa
que me faça esquecer.
vou juntando fragmentos da minha vida
essa é uma boa estratégia
se deixar assimilar
o mesmo passo, entrar na dança
esse é o compasso do inimigo
e você sabe que ele quer te machucar.
certas coisas eu não entendo:
somos jovens, plenos, temos belos corpos
mas nós não cedemos um ao outro
e nem vamos nos entregar.

sábado, 30 de janeiro de 2010

veneno

o que não mata, me exalta
e afirma o ego
me faz respirar um ar mais denso
e torna a minha pele mais escura
me faz ver a verdade
esse é o caminho da cura.
sem essa dependência de palavras
má interpretação e desculpas
são águas passadas.
esse veneno é mordaz e queima
desperta em mim uma mulher desconhecida
uma fêmea, sem destino
esse é o sabor da despedida.