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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

residual

sinos batendo, confusão, quente como um vulcão
te assistindo derreter aos poucos, queimando
observando as gotas de suor escorrendo
pelo teu corpo
eu destilo os segredos que me interessam
de cada fragmento teu.

vontade feroz que você tem de destruir
aquilo que ama
você nem mesmo entende a moral do teu drama
participa coadjuvante desse jogo de horror
colecionando corpos nus na tua cama.

tua digital é a mesma, o copo quebrado no fundo do olho
a antiga queda pelas mesmas coisas, os mesmos erros
você ainda não é quem enxerga no espelho,
tentando matar algo que não pode ser morto
você quer esse amor exposto e crucificado,
mas, meu bem, como se pode matar algo
que antes já haviam matado?

domingo, 20 de novembro de 2011

rhruat

ele senta lá esperando que alguém o salve
do que ele costumava ser
mais uma noite, mais uma dose, mais um cigarro
pra esquecer.
basta observar como traga a fumaça
uma maneira perigosa
nele, uma sensatez quase insensata
naqueles olhos um brilho perturbador
malha viciosa.
essa queda pelo ceticismo mexe comigo
um ponto de interrogação constante
"combinação explosiva"
diziam os livros da estante.
te decifrar, me libertar
fragmentos da tua voz no meu ouvido
encontro marcado com o perigo
minha pele permeável
à tua libido.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

new

ele parece ser do tipo alta tensão
fico analisando o modo de gesticular
com as mãos
e cada vez que a língua passa
molhando os lábios
no intervalo entre as frases;
ele parece ser um vulcão
pronto pra entrar em erupção.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

beat

quando você se aproxima quase derretendo pela parede
posso sentir tua respiração ofegante, cada batimento
combinando com a batida da música, teu movimento
você vem escorrendo como a água da chuva
incontrolável
pelo apartamento.
tomo mais um gole da bebida, altas horas da madrugada
na tua boca um gosto intragável
na minha cabeça pensamentos instáveis, misto de culpa
e compaixão
continuo insistindo no não, nem pensar, não vou me entregar
à essa batida, à tua confusão.
posso sentir teu calor quando te esfrega na minha perna
como um animal no cio, pedindo carinho
te prenso contra a parede, te causo arrepio
seguro tua nuca com a mão
repito mais uma vez no teu ouvido que não, e é não
você continua suando frio.

um segundo

teus fios de cabelo entre meus dedos
mais uma noite de insônia
tua pele, teu cheiro
e o meu péssimo diagnóstico
a situação é crítica.
tenho uma queda pelo que não se deve ter
vivo em contradição
eu não entendo
um não.
tua boca na minha, fragmento
daquilo que se foi com o tempo
devaneio, um sonho
apenas isso o nosso momento.