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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

carta

sem dizer uma palavra ele levanta da mesa
em sã consciência ele ajeita a cadeira
nós dois sabemos o que está acontecendo.
não estou mais lidando com um menino
que eu possa acalmar entre meus braços
não estamos mais falando do mesmo assunto
nos reencontramos aqui, por acaso.
então ele arruma suas malas, suspira
como se estivesse sendo mandado embora
dessa casa que nunca deixou de ser dele
ele se despede, sem dizer uma palavra.
talvez eu devesse estar sentindo
um vazio mais vazio, do que sinto
talvez tudo não passe de imaginação
e você chegue, me estendendo a mão
dizendo que nada do que eu penso
realmente aconteceu
e que ainda somos apenas
como sempre
você e eu.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

pacto

desejo infantil de que pudesse fazer um pacto comigo
encostar as pontas dos teus dedos nos meus dedos
ler todos os meus pensamentos, enxergar por dentro.
que verdade em mim anda tão calada, silenciosa
pra que não possa ver de forma clara
o que nasce em mim, sincero e verdadeiro.
que não seja tarde demais, que ainda haja tempo
de a gente andar de mãos dadas, partilhando histórias
que ainda possamos olhar pra trás sem ligar a mínima
que ainda exista amor em nós.
desejo infantil de que me abraçasse pra sempre
que pudesse sentir teu batimento em minha pele
como se fossemos apenas um, um só coração.
que desejo em mim anda à espreita de um sinal
pra que incendeie
pra que se abram todas as portas, tudo que tiver de ser dito
que seja dito, que aconteça
que realmente ainda existe
paz na tua alma.