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terça-feira, 30 de março de 2010

combinação

essa é uma combinação explosiva, de astros
ele é um desconhecido por mim, alguns pecados
e faz meu tipo mas não, apenas vem e me confunde
me fala frases lisérgicas e desaparece
talvez ele seja inconsequente.
a presença dele é um fato, quase um abalo
às minhas opiniões, àquilo que eu escolhi
todo meu aprendizado e tudo que cri
minhas manias, meu jeito de agir errado
insistir nos mesmos erros; talvez eu mudasse.
quando ele vem e me beija, sorri pra mim
eu absorvo tudo, ao toque das minhas mãos
esse é o sentido de tudo isso.

sábado, 20 de março de 2010

20

nós nos beijamos ontem, um ponto de escape
ambos perdidos mas ninguém deve nada
pra ninguém.
chega a ser um pecado resistir a ti e a tudo
que te cerca e me impressiona, me seduz.
somos duas almas atormentadas, a mesma casa
carregamos a mesma sina, belos corpos
talvez um medo de não agradar
nesse perigo de ser a gente mesmo.
talvez ele seja a minha alma masculina
igual a mim, a subversão do meu sonho
algo que eu não quero compartilhar
nem dizer.
talvez isso seja besteira e acabe na minha cama
por falta de opção ou por prazer.

sexta-feira, 19 de março de 2010

cicatriz

tenho sede de conhecimento, esse homem
que ele vá e me deixe uma cicatriz
um nome.
me marque e me abandone, como algo
que jamais vai cessar, acabar.
essa é uma verdade que queima
me deixa completamente nua, sozinha
perdida entre bordões e entrelinhas
procuro um lugar pra me aconchegar.
tenho sede de vingança, um punhal
cravado direto no peito, sem volta
sem retorno, sem um sinal
teu.
quero te tirar a respiração, o sorriso
te levar ao inferno que eu conheci
quando a tua boca
me disse adeus.

no regrets

mais uma nota dessa realidade absurda, cômica
um mal entendido e alguns planos despedaçados
virados do avesso, qual foi nosso pecado?
uma monotonia desconexa, tão complexa quanto
te julgar e não poder simplesmente esquecer.
mantenha distância, você sabe, esse é o jogo
que você relativamente não pode mais jogar
esse não é mais o seu ponto de vista
esse não é você, e tá tudo fora do lugar.
penso e cogito em me entregar, sem resistir
sem teatro, você sabe tão bem quanto eu
desesperadamente preciso deixar isso ir.
sem sorrir, sem chorar, simplesmente esquecer
essa é a nossa realidade absurda, um amor
estranho e de um sabor amargo, uma dor.

segunda-feira, 8 de março de 2010

auto-destruição

provo da mesma bebida que ele, compartilho o copo
um veneno letal e queima, celestial, sublime
e ninguém pode nada contra esse crime
um beijo fatal, um toque, um gole no meu corpo.
ele me paralisa, me anestesia, me tira o tato
e me olha, debocha, some, faz pouco
de todas essas loucuras no meu quarto.
compartilhamos a mesma dor, o mesmo laço
isso vai e vem, já perdi meu compasso
o resto da decência, o pingo de orgulho
são 6h da manhã e não podemos fazer barulho.
por que ele não vem logo e se entrega
a esse pecado de mentir, fingir, ser personagem
de toda essa história maluca, isso é tortura
um ato de rebeldia que consome, pura bobagem.
um ato de auto-agressão, mentira de ambos
talvez tenhamos cometido um crime passional
entrando nessa, sem querer jogar o jogo.
agora estamos aqui, paralisados, estáticos
nos observando, ninguém pisca nem cede
e eu escuto a nossa música no rádio.

sexta-feira, 5 de março de 2010

viagem

vou ao núcleo, a parte mais profunda do homem
seu lado corrupto, severo, até aí nenhuma novidade
a viagem da paixão e os medos nos trazem
a essa viagem.
sou adepta de tudo, credos, cores, etnias
gosto desse tom de vermelho, um colapso mental
sinfonias.
descobri as palavras não ditas pela tua boca
e de um certo modo, elas me levam a coisas
que eu realmente não quero saber.
descobri a parte de ti que não toca, não sente
o teu pior veneno, a tua mentira, tua crueldade
viajei no teu lirismo, teu cinismo, um pouco da tua falsidade.
tuas mãos falam por si só, compõe uma nota musical
desconhecida por mim até então
viajo nessa realidade absurda, uma nota de dor, um acorde
nunca tocado antes.
dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, todas as tonantes
um noção exacerbada do perigo, e por favor
o que você pensa? essa é a minha nota mental
a todo instante.

dança

"...esse é o compasso do inimigo
e você sabe que ele quer te machucar.
certas coisas eu não entendo:
somos jovens, plenos, temos belos corpos
mas nós não cedemos um ao outro
e nem vamos nos entregar."

quinta-feira, 4 de março de 2010

personalidade

no fundo eu gosto quando ele mexe no meu cabelo
e fala que meu sorriso é o mais bonito do mundo.
no fundo eu gosto mas me embaraço
perco o laço, fico sem reação
não sei o que fazer pra agradar, não sei
não sei se eu sorrio, se eu beijo ou corro
eu sei que ele é um mundo paralelo e completamente meu.
não sei se me apaixono, se me entrego, se olho no olho dele
eu só sei que ele tem muito a dizer.
ele é lindo, de qualquer maneira e enxerga aqui dentro
me encanta, me encabula, me deixa sem jeito e ri de mim.
ele chega de repente e arranca o mal pela raiz
diz que eu tô errada, me põe contra a parede
me pressiona, ele só quer me fazer sorrir.
ele é tão imperfeito, de todas as maneiras possíveis
textos, cartas, opiniões irredutíveis
ele vem e sorri, me abraça e me tira pra dançar
isso não é uma declaração, não
e você sabe que não, não
eu só vim aqui pra te contar.

segunda-feira, 1 de março de 2010

acaso

ele tinha um cheiro de pecado
e me estendeu a mão
era quase madrugada
e ele me encontrou avessa
perdida por aí.
fez o favor de me levar pra casa
e me convidar pra conversar, subir
cortar o mal pela raiz.
me serviu um copo de whisky
e tentou me persuadir:
talvez um novo encontro
um crime passional.
não sei se foi solidariedade
ele me deu um beijo
e pôs a mão no meu joelho
eu sei que isso foi real.

sátira

ele veio de repente e levantou a minha saia
ousou saber um pouco mais sobre mim
e quais são as minhas artimanhas
pra chamar a atenção.
me deu um beijo sórdido e delirante
e me fez parar pra pensar por um instante:
somos jovens, céticos e inconsequentes
as palavras dele são cheias de perigo
e excitantes
ele sempre me convence a tirar a blusa
me calar e participar da minha vida
coadjuvante.
ele é o personagem principal dessa história
meu homem, um sátiro descontrolado
e meu amante
sempre que eu olho no fundo do olho dele
eu sinto a todo instante
um arrepio, um elogio, delirante.

par

o destino é incerto e nós sabemos
estamos nos apaixonando perdidamente.
talvez seja uma aventura, coisa pouca
pra completar a bagagem imatura
e bem, é isso que nós somos.
derrubando essa melancolia
de vez
e sem monotonia
talvez você seja o motivo do meu riso
incontido e todas as bobagens que te falo
no ouvido, esse é o nosso caso displicente
e isso é só pra você saber
o que só acontece com a gente.