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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

plano

quero levantar e me cercar de todos meus textos
aspirar um novo mundo, daqui pra frente, só meu
erguer essa muralha, desenhar meus passos infalsos
recomeçar a partir do nosso adeus.
levo todos os cheiros, pedaços de ti, tua compaixão
no fundo da retina uma imagem distorcida
do que nunca foi real, do que nunca aconteceu.
ando suspeita de mim, uma palavra que me entrega
uma forma de olhar e ceder a tudo, um paralelo
quero uma base, entender o sentido disso tudo
tenho uma confusão que me habita, uma meta
quero erguer essa muralha
juntando pedaços de tudo que me cerca.

domingo, 15 de agosto de 2010

passagem

tem tua camisa lá no fundo do quarto, tuas manias
você sabe que ficou teu jeito impregnado
e um pouco da tua rotina.
tua maneira de sentar ao violão, os teus dedos
tua voz atrás da porta e o teu medo
o barulho de cada passo no corredor.
ficou naquele travesseiro o cheiro do teu sono
um pacto quebrado no fundo do teu olho
coisas que a gente não sabe nem como
apagar e deixar pra trás.
na minha roupa veio um pouco da tua paz
teu jeito de não saber dizer adeus
talvez um novo sentido ou uma despedida
a algo que eu sempre senti, sempre fui
uma janela aberta pra um novo eu.