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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

monótono

quero que me consuma com todas essas coisas que eu penso
e leve consigo esse cheiro que ficou no travesseiro
o cheiro dessa lembrança, o cheiro do teu toque
da tua presença, do fato, do que aconteceu
do meu tato, tua nuca, teu cabelo, cada pedaço teu.
quero que chegue e duvide de mim, me imponha coisas
me faça pentear o cabelo com frequência, me cobre mais coerência
vista a fantasia de homem da casa, me apresente à tua rotina
fragmentos de qualquer coisa que te componha
pedaços da tua sina.
quero que surja insuspeito, como um flash, desconcertando o meu marasmo
levando embora esse meu maço de cigarros
me desfazendo de todos os meus vícios tolos, manias de mim
juntando as peças desse quebra-cabeça
escolhas que me fazem assim.
quero que chegue como uma brisa, leve, suave, consciente de si
e desfaça todos meus atos retilíneos
e na hora mais inesperada, se torne a tempestade
que assombra a minha monotonia.